A saúde dos olhos deve ser muito bem cuidada desde cedo, logo nos primeiros momentos de vida. Em entrevista à TV Paranaíba, o Dr. Vinícius Bertarini Marques que é médico oftalmologista e faz parte do corpo clínico do H Olhos Uberlândia, falou sobre este que é considerado um câncer infantil de certa forma raro, porém muito grave.
Veja a entrevista do Dr. Vinícius na íntegra:
O que é retinoblastoma?
O retinoblastoma é um tipo de câncer que afeta os olhos, mais especificamente a retina, que é a parte do olho responsável por captar a luz e formar imagens. Ele é mais comum em crianças pequenas, geralmente aparecendo antes dos cinco anos de idade. Todos os anos, cerca de 400 crianças são diagnosticadas com esse tumor no Brasil.
Esse câncer pode afetar apenas um olho ou os dois e, em alguns casos, pode ter origem hereditária, ou seja, passar de pais para filhos. Quando afeta os dois olhos, é mais provável que seja de origem genética.
Um dos sinais mais comuns da doença é um reflexo branco na pupila, que pode ser percebido em fotos tiradas com flash ou ao iluminar os olhos da criança, semelhante ao brilho que se vê nos olhos dos gatos à noite.
Se o retinoblastoma for diagnosticado cedo, as chances de cura são muito altas, chegando a 90%. Mas, se ele já tiver se espalhado para outras partes do corpo (metástase), o tratamento pode se tornar mais complicado.
Tipos de retinoblastoma
Existem dois tipos principais:
Esporádico: Quando o câncer afeta apenas um olho e surge devido a uma mutação das células da retina. A maioria dos casos se encaixa nesse grupo, e as crianças costumam ser diagnosticadas após o primeiro ano de vida.
Hereditário: Quando o câncer é causado por uma mutação genética que pode ser transmitida de pais para filhos. Nesse caso, ele pode afetar um ou ambos os olhos, sendo mais comum em crianças com menos de um ano.
Há também um tipo raro de retinoblastoma chamado PNET (Tumor Neuroectodérmico Primitivo), que além de afetar os olhos, pode atingir também o tecido nervoso do cérebro. Isso acontece em crianças com a forma bilateral (em ambos os olhos) da doença.
Sintomas do retinoblastoma
O principal sintoma é o reflexo branco no olho, que pode ser notado em fotos ou ao iluminar os olhos da criança. No entanto, em casos mais avançados, outros sinais podem aparecer, como dor nos olhos, dificuldade para enxergar, dor de cabeça, olhos inchados ou saltados para fora, estrabismo (olhos desalinhados) e sensibilidade à luz.
Nos estágios iniciais, a doença pode não causar sintomas visíveis, por isso é importante realizar exames de rotina.
Diagnóstico
O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura. A doença pode ser detectada logo após o nascimento com o Teste do Reflexo Vermelho, ou “Teste do Olhinho”, que é feito na maternidade. Exames oftalmológicos e de imagem, como o ultrassom, também ajudam a identificar a doença.
O Teste do Olhinho é rápido e indolor, e verifica se há reflexos anormais na pupila do bebê. A ausência do reflexo normal pode indicar problemas como catarata ou retinoblastoma, permitindo a detecção precoce da doença.
Retinoblastoma tem cura?
Sim, o retinoblastoma tem altas chances de cura, especialmente se for diagnosticado cedo. Com o avanço da medicina, a maioria dos casos é tratada com sucesso. Os tratamentos podem incluir quimioterapia, radioterapia, laser ou até a remoção do olho (nos casos mais graves).
Além da cura, preservar a visão da criança é uma prioridade no tratamento, o que torna a detecção precoce ainda mais importante.
O que causa o retinoblastoma?
O retinoblastoma surge devido a uma mutação no gene RB1, que normalmente impede que as células cresçam de forma descontrolada. Quando esse gene é afetado, as células da retina podem se multiplicar rapidamente, formando o tumor.
A doença pode ser hereditária, quando a mutação é passada de pais para filhos, ou não hereditária, quando a mutação acontece apenas nas células da retina.
Quem trata o retinoblastoma?
O tratamento envolve uma equipe de especialistas, como oftalmologistas pediátricos, oncologistas (médicos especialistas em câncer), e, em alguns casos, radioterapeutas e neurocirurgiões. O acompanhamento multidisciplinar garante o melhor cuidado possível para a criança.
Tratamento
O tratamento depende do tamanho e da localização do tumor. Em casos mais leves, podem ser usados tratamentos como quimioterapia e laser. Nos casos mais graves, pode ser necessário remover o olho afetado para evitar a disseminação do câncer.
Por isso, é fundamental que as crianças façam consultas regulares ao oftalmologista, especialmente nos primeiros anos de vida, para detectar possíveis problemas precocemente.
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