Eu sou a Dra. Maria Margarida Ribeiro, médica oftalmologista, especialista em oftalmologia pediátrica e tratamento de estrabismo clínico e cirúrgico, tanto de adultos quanto de crianças. Faço parte do corpo clínico do H Olhos Uberlândia.
Este artigo foi escrito pensando em vocês mães, pais, familiares, tutores, professores e a todos que convivem diariamente com crianças. Leia até o final que tem um conteúdo interessante sobre os cuidados com os olhinhos.
Outubro é um mês muito especial e aguardado pelos pequenos, afinal dia 12 é o Dia das Crianças. Esta data traz momentos inesquecíveis com diversão, presentes, confraternização em família e muita nostalgia até entre os adultos, com carinhosas lembranças da infância.
Então vamos aproveitar o momento para cuidar bem das nossas crianças? Os olhinhos merecem muita atenção!
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), estimam que cerca de 1,4 milhão de crianças no mundo, apresentam perda de visão em algum grau e 80% dos casos poderiam ser tratados ou evitados com uma consulta ao oftalmopediatra.
Então, vamos lá!
Teste do Olhinho
É o primeiro exame feito no bebê, idealmente ainda na maternidade ou nas primeiras 72 horas de vida. Geralmente é realizado pelo pediatra e serve para observar o “reflexo vermelho” nas pupilas.
Mas, o que significa isso?
Sem a incidência de luz direta, as nossas pupilas são escuras. O reflexo vermelho é produzido quando a luz chega na retina (fundo do olhinho) e é refletida com nitidez (cor vermelha), caso os meios sejam transparentes, ou seja, não apresentem nada que opacifique esse caminho que a luz percorreu. Como no caso das fotos com flash. Se for detectada alguma alteração, o pediatra solicita avaliação oftalmológica neste momento.
Consultas oftalmológicas
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, todos os pequenos devem se submeter à consulta oftalmológica completa, mesmo que não exista nenhuma suspeita de alteração, entre os 6 e os 12 meses de idade. Após esse período, aos 3 anos preferencialmente.
Caso seu bebê apresente algumas das circunstâncias abaixo, procure um oftalmologista pediátrico para avaliação tão logo quanto possível. Ok?
- Se a mãe tiver tido alguma infecção durante a gestação;
- Se a criança tiver sido prematura, baixo peso ao nascer ou tiver algum problema de saúde associado a síndromes neurológicas ou não, desenvolvimento neuropsicomotor alterado;
- Se tiver anormalidades oculares aparentes, por exemplo, pálpebra mais caída, desvio dos olhos (mesmo que seja “de vez em quando”);
- Se tiver sensibilidade à luz como fechar um ou os dois olhinhos na claridade;
- Se algum parente próximo apresentar, em qualquer fase da vida, problemas oculares;
- Olhinhos vermelhos, secreção, lacrimejamento ou qualquer outro sinal diferente;
- Coceira nos olhos além daquela que aparece em momentos de sono;
- Estejam sempre atentos à percepção visual do seu bebê e leve-o para avaliação se:
- Não faz contato visual até os 2 meses;
- Não apresenta sorriso social e percepção das mãos até os 3 meses;
- Não pega brinquedos aos 6 meses;
- Não reconhece rostos e expressões até 11 meses.
Nesses casos, a periodicidade das consultas serão adequadas a cada caso, de acordo com orientação do oftalmologista pediátrico responsável.
Como é feito o exame oftalmológico?
Em primeiro lugar, avaliamos toda a história da criança desde a gravidez até o momento, incluindo a dos pais e parentes próximos para detectar os fatores de risco que possam interferir no desenvolvimento.
O comportamento visual é avaliado de acordo com a fase da criança. Enquanto ela não se expressa adequadamente, avaliamos a fixação, sustentação e seguimento com o olhar, cada olho separadamente. À medida que ela cresce, apresentamos figuras, depois letras e números. Porém, a determinação do grau nessa fase da vida não depende tanto da informação, pois, muitas vezes, é imprecisa ou inexistente.
É necessário dilatar as pupilas para saber o grau correto de cada olhinho e avaliar o fundo do olho (mapeamento de retina).
IMPORTANTE – RISCO DE AMBLIOPIA
Até os sete anos aproximadamente, as vias cerebrais que são responsáveis pela visão estão em desenvolvimento. Por isso chamamos essa fase de PERÍODO CRÍTICO e a maturação neural se dá através da imagem que chega ao cérebro. Quanto mais precocemente detectarmos alguma alteração, maior a chance de melhor acuidade visual no futuro. Por isso são tão importantes as avaliações periódicas, mesmo que os pais expressem que “meu filho enxerga bem”. Quando apenas um dos olhinhos tem algum problema, o outro supre essa dificuldade e o comportamento pode camuflar a existência de condições oculares. Por exemplo, quando tem uma diferença de grau entre um olhinho e outro, quando um deles desvia, mesmo que de forma intermitente, quando apenas um deles apresente algum problema, enfim. Com o tratamento adequado, nesses casos, prevenimos a AMBLIOPIA ou “olho preguiçoso” já ouviram falar? É quando, mesmo com a correção do grau, o olho não tem boa visão.
Uso de telas
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, aconselha-se o seguinte:
- Até 23 meses – nada de telas;
- Dos 2 aos 5 anos – 1 hora por dia;
- Dos 6 aos 10 anos – até 2 horas por dia;
- Dos 11 aos 18 anos – até 3 horas por dia.
Sabemos o quanto é difícil obedecer a recomendação em crianças a partir de determinada idade, principalmente na adolescência. Mas é preciso ter determinação e autoridade para preservar a saúde dos pequenos e restringir, principalmente, o celular porque fica muito próximo aos olhos. Para crianças maiores, é preferível tablet, caso não exista outra forma de estudo, por exemplo.
Dica importante para uso de telas
Quando estiverem em uso de telas, orientamos o método “20/20/20”– a cada vinte minutos de uso, 20 segundos de descanso olhando para longe (além dos 6 metros que equivale a 20 pés). Sempre fazendo intervalos e isso vale para nós adultos também. Nossos olhos não estão biologicamente adaptados a essa realidade, por isso é extremamente comum o cansaço visual e ressecamento ocular após uso continuado de telas em qualquer idade.
Óculos com filtro para luz azul
Todos nós estamos expostos à radiação da luz azul. Ela está presente na luz solar, iluminação LED, telas de celulares, tablets e computadores.
Até o momento, não existe comprovação científica de que as lentes com filtro para luz azul promovam proteção total aos nossos olhos nesse sentido.
De acordo com a Associação Americana de Oftalmologia, nenhum dos estudos comprovou dano à retina provocado por essas luzes. O que pode acontecer é que a exposição excessiva à luz azul, principalmente à noite, pode alterar o ciclo circadiano sono-vigília e ocasionar maior cansaço visual e desconforto.
Particularidades da consulta oftalmológica pediátrica
Enfim, para concluirmos este artigo, lembramos que a consulta oftalmológica em crianças tem dinâmica completamente diferente daquela dos adultos. Exige paciência por parte do médico, interação com a criança e a família, longas “prosas”, música, brincadeira, brinquedos, pois precisamos da colaboração do pequeno para obtermos os dados mais precisos. Nem sempre conseguimos tudo de uma só vez. Por vezes eles têm medo, choram de sono ou de fome, mas com calma e persistência, vamos conquistando esses seres maravilhosos. É um imenso prazer e um grande aprendizado.
Contem comigo sempre que precisarem.
O primeiro passo para garantir a saúde ocular das crianças é através da consulta oftalmológica. Lá, diversos aspectos dos olhinhos serão examinados e se houver qualquer problema, ele poderá ser identificado.
Para agendar uma consulta comigo no H Olhos, basta clicar nos links:
Pode ser via Whatsapp: 34 99109-0625
Ou pelo Telefone: 34 3257-9100